<div class="gmail_quote">
<div>Estimada Tatiana e prezados amigos da lista, perdoem-me pelo texto em Português, porém como ainda não domino plenamente escrever no seu idioma, atrevo-me a fazer alguns comentários na minha lingua materna...<br></div>
<div>Tenho acompanhado os comentários que se seguiram a sua pergunta sobre uma possível diferença de terminologias entre "Atenção Farmacêutica Integral" e "atenção Farmacêutica"...Não pretendo aqui suscitar uma nova polêmica, apesar de considerar do ponto de vista da historiografia e da filosofia da ciência, bem como particularmente, do movimento de constituição e desenvolvimento das práticas profissionais na área da saúde, que precisamente na exposição do polêmico, das contradições e dos erros ou mesmo das divergências conceituais, semânticas e instrumentais, que a ciência e o conhecimento se desenvolvem...É bem compreensível no entanto, que os muitos afazeres e preocupações da contemporaneidade não permitam aprofundá-los neste espaço como gostaríamos, talvez nem seja este o foco ou interesse da grande maioria dos amigos que subscrevem a lista...Afinal, o processo de discussão também segue um movimento histórico e conjuntural...Certamente algumas de tuas dúvidas já foram discutidas em outros momentos por diferentes círculos e em outros cpontextos...Deste modo, uma boa consulta às fontes primárias, sejam bibliográficas ou documentais, seja através da consulta que você venha a fazer aos seus professores e outros profissionais mais experientes poderá te ajudar a ter mais segurança e a argumentar de forma mais convincente sobre o teu trabalho...</div>
<div> </div>
<div>Da minha parte, penso que você também fez bem em consultar os amigos da lista, por que aqui certamente há um imenso e concentrado grupo de profissionais e educadores com experiência e acúmulo intelectual sobre o tema Atenção Farmacêutica. Espero que as valiosas opinões tenham agregado valpor intelectual ao teu trabalho. Pelo teu depoimento, acredito que sim!</div>
<div>Permita-me apenas recomendar a você e para aqueles amigos que considerem pertinente refletir constantemente sobre sua prática, que proceda com atenção, com vigilância e rigor extremo na aplicação de terminologias e conceitos.</div>
<div>Historicamente o recurso da adjetivação, da complementação de terminologias e conceitos, tem se tornado um hábito, eu diria um vício frequente, inerente talvez da condição humana de buscar sempre algum tipo de diferenciação intelectual, ou mesmo correspondente às incertezas polissêmicas da palavra, principalmente nos idiomas de origem latina...No entanto, mesmo quando observamos tal característica em outros ramos linguísticos, em outras culturas, cabe refletir até que ponto não se trata também de uma certa superficialidade conceitual, ou da "impulsividade metodológica" muito presente nas ações humanas, que ora denominamos de práticas profissionais baseadas em parte na técnica e no pretenso conhecimento científico...</div>
<div> </div>
<div>Paulo Freire, um velho mestre, educador que muito nos ensinou sobre a humildade, a grandeza, o carinho e a leveza de ensinar, e aprender, dizia que toda reflexão sem prática constitui uma teoria vazia, mas também que toda prática sem a devida reflexão não tem o menor sentido...</div>
<div> </div>
<div>Destaco este ponto para fomentar em você uma interessante curiosidade epistemológica (ou várias!!!)...</div>
<div>De qual conceito de AF estamos falando?</div>
<div> </div>
<div>Há consensos sobre AF e discussões sobre as distintas interpretações ou aplicações do já clássica definição propugnada por Hepler e Strand...Minha pouca experiência apendendo a fazer e ensinar-aprendendo esta prática, me fizeram perceber alguns pontos os quais compartilho com você:</div>
<div>1. Há muitas formas de fazer uma prática que ora denominamos Atenção Farmacêutica, o conceito inclusive comporta práticas muito distintas, não no que diz respeito ao processo...mas como o objeto desta prática é abordado durante a execução da prática...</div>
<div>2. Estas diferenças podem ser distinguidas no âmbito ontológico e epistêmico, já que dizem respeito à diferentes concepções sobre o indivíduo, doença e saúde;</div>
<div>3. Assim é que há no mínimo duas vertentes da AF ainda em fase de transição, uma mais vinculada à clinica moderna, ao modelo biomédico (ou que podemos chamar de racionalidade da medicina científica ocidental) por que dela é herdeira do método e da abordagem e outra, no sentido das "conepções contra-hegemônicas" que sofrem a influência de concepções mais sistêmicas, que daí originaram lá em meados da década de 1960 o conceito amplo e vago de "Medicina Integral" do qual deriva igualmente o conceito de "integralidade" das ações de saúde;</div>
<div>4. Assim é que falar em AF integral pode ser ou não uma redundância, dependendo do referencial epistêmico e ontológico de quem vê e faz essa prática</div>
<div> </div>
<div>Portanto, explore exaustivamente, na medida da pretensão de um trabalho de conclusão, estas questões...elas não são simples semântica...E por mais que pareça discutir "o sexo do anjos", posso dizer isto pelo menos aqui na minha realidade...tal superficialidade tem gerado confusões que comprometem a efetividade e resolubilidade de uma ´prática que ainda nascente apresenta tantos vieses e distroções, seja no âmbito de quem realiza trabalhos de investigação, ou de quem a exerce de fato...</div>
<div> </div>
<div>Há muitos aspectos que gostaria de debater sobre teu trabalho, no entando não pretendo ser mais entediante e enfadonho como já estou sendo, aos amigos da lista...</div>
<div> </div>
<div>Por fim gostaria de sugerir-te um espaço que julgo muito interessante para o debate destas perspectivas no ambito latino americano (já que a concepção de integralidade parece tão relevante para os modelos sanitários do nosso continente e constituem uma categoria muito debatida do campo da saúde coletiva)...</div>
<div>Cabe uma boa revisão na base scielo (<a href="http://scielo.org/">http://scielo.org</a> ou <a href="http://scielo.br/">http://scielo.br</a>) e na RedSAF, Red SudAmericana de Atencion Farmacéutica (<a href="http://www.redsaf.org/">http://www.redsaf.org</a>) </div>
<div> </div>
<div>Um abraço a você e sucesso na conclusão do teu trabalho.</div>
<div>Bem vinda a esta profissão, que na america latina sofre tantas restrições, mas que neste continente também certamente encontrará na diversidade e generosidade do seu povo a inspiração para seguir adiante, com nossa qualidades e com nossos erros, com nossas dúvidas, mas também com nossa expertisse "mestiça"</div>
<div> </div>
<div>Um abraço a todos os amigos da lista</div>
<div>-- <br>Prof Dr. Wellington Barros da Silva</div>
<div>Farmacêutico, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Doutor em Educação Científica e Tecnológica<br>Universidade Federal de Sergipe - UFS<br>Departamento de Fisiologia<br>Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS)<br>
Cidade Universitária Prof. "José Aloísio de Campos"<br>Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa Elza - CEP 49.100-000 - São Cristovão - SE<br>Telefone: (0xx79) 2105-6844<br></div></div>