RES: [AF] FARMACIAS CONCERTADAS

Wellington Barros da Silva wbarros en ucb.br
Mar Mayo 6 07:41:23 CEST 2008


Permitam-me novamente opinar nesta vossa discussão.
Aqui no Brasil a farmácia sempre foi liberalizada e há anos temos farmácias públicas sob responsabilidade do Estado.
Pelo curto espaço (poderei e pretendo apresentar uma argumentação mais elaborada, talvez contribua para o debate de vocês) no momento apresento apenas algumas constatações do nosso sistema (que não difere muito a meu ver do que ocorre em outras países da América Latina onde também há a liberalização:
1. Por conta da liberalização, formou-se o senso comum junto a opinião pública da farmácia como estabelecimento exclusivamente comercial (mesmo que nós farmacêuticos continuemos dizendo que não). A verdade é que nossa legislação sanitária afirma isto (a tal ponto que a demominação não é mais farmácia e sim drogaria, faz alguns anos os Cursos de graduação concediam o título de grafuado em Farmácia comercial). Só recebe a denominação de farmácia no Brasil, aqueles estabekecimentos que trabalham com formulações magistrais;
2. A visão de comércio é tão crstalizada que o farmacêutico, aos poucos foi excluído destes estabelecimentos. É muito comum não encontrarmos o farmacêutico nas "drogarias". Há uma percepção meio que geral de que não é necessário um "profissional sanitário" num estabelecimento puramente comercial
3. O passo seguinte foi a abertura de drugstores (muito diferentes dos êstabele4cimentos estadunidenses). Presenciei farmácia em alguns estados brasileiros em que se compra qualquer coisa, até medicamentos...!
4. A existência de grandes redes ou cadeias de Farmácia é contraditório no país:
a) temos redes de farmácia funcionando dentro de supermercados, como a Almart e Carrefour, há por conta disso uma verdadeira guerra de descontos e promoções para tentar ganhar um cliente...Ontem mesmo vi pela TV um anúncio de uma farmácia que oferecia medicamentos OTC se o indíviduo comprasse um medicamento para hipertensão...( Já vi coisascpiores como oferecer feijão, café ou açúcar como promoção na drogaria...)
b) No entanto pode-se dizer que em várias regiões do Brasil, s farmacêuticos que trabalham nas redes são aqueles que se sentem mais valorizados...
c) No entanto, o sonho da imensa maioria de Farmacêuticos que atuam ná área continua sendo montar seu próprio estabelecimento, ou pelo menos trabalhar ara uma farmácia em que o proprietário seja um farmacêutico (pelo menos aparentemente há menos conflitos...)
5. Como consequencia desta pressão os farmacêuticos proprietários de farmácia sentem-se acuados...há entre alguns o dilema entre ser um profissional ou um comerciante...
6. Aqui há farmácias públicas, mas na maioria delas não há farmacêuticos, e o que se faz nestes estabelecimentos é geralmente entregar o medicamento sem nenhuma orientação (isto quando não há o desabastecimento, um problema crônico no país)
7. É bem verdade que o atual governo do Presidente Lula tem tentando minimizar esta situação com a criação do Programa Farmácia Popular do Brasil (há muita polêmica entre os farmacêuticos brasileiros sobre isso, mas foi uma iniciativa do governo para tentar minimizar o problema)
8. Nosso sistema de saúde é universal, público, gratuito e tem como princípio a equidade, mas a verdade e que não conseguimos garantir o acesso e cobertura só com o sistema público, da forma como está estruturado hoje o sistema
 
De tudo isso que relatei (evidente, corresponde a forma como percebo o sistema aqui, portanto não é uma verdade absoluta) só tenho uma coisa a dizer a vocês colegas farmacêuticos deste belo país que é a Espanha: discutam bastante, porém estejam muito unidos para garantir as conquistas históricas da vossa profissão e o aperfeiçoamento do sistema por que vocês enfrentarão muitos interesses políticos e econômicos, estes discursos as vezes parecem belos como o canto das sereias...Mas, pelo menos estejam unidos, por que a falta de unidade de uma corporação contribui em muito para que outras pessoas ou até mesmo outros profissionais se achem no direito de dizer o que somos e o que devemos fazer...Geralmente, quando isto acontece há interesses corporativos também por que uma profissão invariavelmente busca sua autonomia ou poder profissional pela redução do poder ou atonomia de outra profissão que com ela compete. Não deveria ser assim, mas infelizmente esse movimento ocorre e precisamos conhecer as regras do jogo
 
Um abraço
 
Prof. Wellington Barros da Silva (Farm.M.C.Farm.)
Assessor da Pró-Reitoria de Graduação - PRG
Unidade de Apoio Didático-Educacional - UADE
Universidade Católica de Brasilia - UCB/UBEC
Tel: (61) 3356-9183





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