[AF] Reflexion y Agradecimiento ¿AFI?

[Wellington Barros da Silva]

Estimado Machuca,
  
 Obrigado pelos seus comentários. Quero aproveitar a oportunidade para dizer que concordo com o que você comentou.
  
 Creio ser importante consolidar uma práxis para a Atenção Farmacêutica, no sentido de que será exatamente com os acertos e erros de uma prática efetivamente exercida o caminho mais proficuo e substancial para a consolidação da AF...
  Práxis retroalimenta constantemente nossa reflexão a partir da prática refletida...Lembro que quando eu atuava atendendo meus pacientes no balcão da farmácia, dispensando medicamentos, orientando aqueles que me procuravam na farmácia, era a atitude de refletir sobre este processo, de identificar os pontos que podiam ser melhorados, que me faziam dispensar com mais segurança, com mais propriedade, haja visto que na faculdade não aprendi a ser farmacêutico; aliás, aqui no meu país, e julgo que esta não seja uma realidade tão diferente de outras, aprende-se mais sobre ciências farmacêuticas, do que sobre como ser um profissional farmacêutico...Nada tão incoerente assim posto que a Farmácia apresenta desde pelo menos o século XVIII esta dualidade entre ciência e técnica...Aliás este não é um dilema exclusivo de nossa profissão...
   
 Por isto concordo com o que você falou, espero ter entendido adequadamente...e me permita ressaltar...
  
 1. Do ponto de vista de uma prática profissional, nosso reconhecimento, nossa visibilidade social só tem sentido na medida em que atendemos uma demanda social, as profissões sociologicamente falando só tem sentido se respondem prontamente a um mandato social!
   
 2. Na área da saúde há uma demanda clara por serviços que se respondabilizem pelo processo de uso de medicamentos, incluso aí o impacto individual e coletivo deste uso; ou seja, a sociedade tem uma demanda crescente relacionada ao custo social e econômico do uso de medicamentos e da morbimortalidade associada;
   
 3. Esta é uma demanda que cedo ou tarde deverá ser atendida por alguma profissão da saúde, entre as que existem ou por ventura por alguma que venha a ser criada, caso nenhuma profissão já existente assuma essa missão!
 
 4. Considerados em uma perspectiva histórica, apesar da farmácia ter se afastado de um status de profissão sanitária, ou melhor dizendo, apesar de ter transitado da técnica para a tecnologia, da arte para a ciência, isto não a impediu de, das suas contradições internas, emergisse um movimento de vocação assistencial, representada pela Farmácia Clínica e ´pela Atenção Farmacêutica...
   
 5. Considero ambas um movimento que a Farmácia faz, no sentido de entrar no século XIX!!! De fato, por analogia a outras profissões clínicas, estamos adentrando o século XIX...Mas como este movimento se processou a partirt da segunda metade do século XX, ele incorpora as demandas e as características do seu tempo...
   
 6. Assim é que corremos contra o tempo ao meu ver...Mas só há uma forma de faze-lo: e é praticando! Por que com certeza, quem em algum momento já teve a oportunidade de atender pessoas reais, concordará com um fato inexorável: Já passou da hora de todos os farmacêuticos assumirem uma posição clara quanto à sua missão. Urge para todos nós declaramos sem deixar nenhuma margem de dúvidas nosso compromisso...Somos e desejamos ser uma profissão que cuida de gente?!
   
 7. Da minha parte, como vc e como tantos outros colegas, eu descobri esta vocação...Tenho algumas habilidades e limitados conhecimentos sobre muita coisa na área que escolhi...E esta certeza da incerteza talvez seja minha maior qualidade...
  No entanto eu vejo todos os dias pessoas padencendo do descuidado, sofrendo com suas moléstias e problemas de saúde, vejo uma sociedade medicalizada desnecessariamente e aí eu tenho a convicção de que o mundo precisa de um profissional que se ocupe disso...Racionalmente, mas também com todas as forças do meu coração, eu percebo, que como farmacêutico eu posso ajudar...Espero que eu não esteja enganado e acredito que há outros farmacêuticos que pensam deste modo...
  Desejo que ao menos apareça alguém que se responsabilize por esta demanda.
  
 E este desejo, se em parte é movido por um engajamento profissional, por outro lado reflete uma preocupação que me assombra: Vejo meus pais e familiares (que moram distante de onde estou, neste país continental). Eles utilizam medicamentos e já tiveram muitos problemas pela falta de cuidado e orientação...
  Provavelmente, um dia eu serei um paciente que usará medicamentos...E eu gostaria de contar com alguém que assumisse comigo a responsabilidade de cuidar da forma como eu uso meus medicamentos!
  
 Um abraço
-- 
Prof Dr. Wellington Barros da Silva
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Departamento de Fisiologia
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS)
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