[AF] Reflexion y Agradecimiento ¿AFI?

Wellington Barros da Silva wbarrosdasilva en gmail.com
Sab Feb 13 22:56:54 CET 2010


 Estimada Tatiana e prezados amigos da lista, perdoem-me pelo texto em
Português, porém como ainda não domino plenamente escrever no seu idioma,
atrevo-me a fazer alguns comentários na minha lingua materna...
Tenho acompanhado os comentários que se seguiram a sua pergunta sobre uma
possível diferença de terminologias entre "Atenção Farmacêutica Integral" e
"atenção Farmacêutica"...Não pretendo aqui suscitar uma nova polêmica,
apesar de considerar do ponto de vista da historiografia e da filosofia da
ciência, bem como particularmente, do movimento de constituição e
desenvolvimento das práticas profissionais na área da saúde, que
precisamente na exposição do polêmico, das contradições e dos erros ou mesmo
das divergências conceituais, semânticas e instrumentais, que a ciência e o
conhecimento se desenvolvem...É bem compreensível no entanto, que os muitos
afazeres e preocupações da contemporaneidade não permitam aprofundá-los
neste espaço como gostaríamos, talvez nem seja este o foco ou interesse da
grande maioria dos amigos que subscrevem a lista...Afinal, o processo de
discussão também segue um movimento histórico e conjuntural...Certamente
algumas de tuas dúvidas já foram discutidas em outros momentos por
diferentes círculos e em outros cpontextos...Deste modo, uma boa consulta às
fontes primárias, sejam bibliográficas ou documentais, seja através da
consulta que você venha a fazer aos seus professores e outros profissionais
mais experientes poderá te ajudar a ter mais segurança e a argumentar de
forma mais convincente sobre o teu trabalho...

Da minha parte, penso que você também fez bem em consultar os amigos da
lista, por que aqui certamente há um imenso e concentrado grupo de
profissionais e educadores com experiência e acúmulo intelectual sobre o
tema Atenção Farmacêutica. Espero que as valiosas opinões tenham agregado
valpor intelectual ao teu trabalho. Pelo teu depoimento, acredito que sim!
Permita-me apenas recomendar a você e para aqueles amigos que considerem
pertinente refletir constantemente sobre sua prática, que proceda com
atenção, com vigilância e rigor extremo na aplicação de terminologias e
conceitos.
Historicamente o recurso da adjetivação, da complementação de terminologias
e conceitos, tem se tornado um hábito, eu diria um vício frequente, inerente
talvez da condição humana de buscar sempre algum tipo de diferenciação
intelectual, ou mesmo correspondente às incertezas polissêmicas da palavra,
principalmente nos idiomas de origem latina...No entanto, mesmo quando
observamos tal característica em outros ramos linguísticos, em outras
culturas, cabe refletir até que ponto não se trata também de uma certa
superficialidade conceitual, ou da "impulsividade metodológica" muito
presente nas ações humanas, que ora denominamos de práticas profissionais
baseadas em parte na técnica e no pretenso conhecimento científico...

Paulo Freire, um velho mestre, educador que muito nos ensinou sobre a
humildade, a grandeza, o carinho e a leveza de ensinar, e aprender, dizia
que toda reflexão sem prática constitui uma teoria vazia, mas também que
toda prática sem a devida reflexão não tem o menor sentido...

Destaco este ponto para fomentar em você uma interessante curiosidade
epistemológica (ou várias!!!)...
De qual conceito de AF estamos falando?

Há consensos sobre AF e discussões sobre as distintas interpretações ou
aplicações do já clássica definição propugnada por Hepler e Strand...Minha
pouca experiência apendendo a fazer e ensinar-aprendendo esta prática, me
fizeram perceber alguns pontos os quais compartilho com você:
1. Há muitas formas de fazer uma prática que ora denominamos Atenção
Farmacêutica, o conceito inclusive comporta práticas muito distintas, não no
que diz respeito ao processo...mas como o objeto desta prática é abordado
durante a execução da prática...
2. Estas diferenças podem ser distinguidas no âmbito ontológico e
epistêmico, já que dizem respeito à diferentes concepções sobre o indivíduo,
doença e saúde;
3. Assim é que há no mínimo duas vertentes da AF ainda em fase de transição,
uma mais vinculada à clinica moderna, ao modelo biomédico (ou que podemos
chamar de racionalidade da medicina científica ocidental) por que dela é
herdeira do método e da abordagem e outra, no sentido das
"conepções contra-hegemônicas" que sofrem a influência  de concepções mais
sistêmicas, que daí originaram lá em meados da década de 1960 o conceito
amplo e vago de "Medicina Integral" do qual deriva igualmente o conceito de
"integralidade" das ações de saúde;
4. Assim é que falar em AF integral pode ser ou não uma redundância,
dependendo do referencial epistêmico e ontológico de quem vê e faz essa
prática

Portanto, explore exaustivamente, na medida da pretensão de um trabalho de
conclusão, estas questões...elas não são simples semântica...E por mais que
pareça discutir "o sexo do anjos", posso dizer isto pelo menos aqui na minha
realidade...tal superficialidade tem gerado confusões que comprometem a
efetividade e resolubilidade de uma ´prática que ainda nascente apresenta
tantos vieses e distroções, seja no âmbito de quem realiza trabalhos de
investigação, ou de quem a exerce de fato...

Há muitos aspectos que gostaria de debater sobre teu trabalho, no entando
não pretendo ser mais entediante e enfadonho como já estou sendo, aos amigos
da lista...

Por fim gostaria de sugerir-te um espaço que julgo muito interessante para o
debate destas perspectivas no ambito latino americano (já que a concepção de
integralidade parece tão relevante para os modelos sanitários do nosso
continente e constituem uma categoria muito debatida do campo da saúde
coletiva)...
Cabe uma boa revisão na base scielo (http://scielo.org ou http://scielo.br)
e na RedSAF, Red SudAmericana de Atencion Farmacéutica (
http://www.redsaf.org)

Um abraço a você e sucesso na conclusão do teu trabalho.
Bem vinda a esta profissão, que na america latina sofre tantas restrições,
mas que neste continente também certamente encontrará na diversidade e
generosidade do seu povo a inspiração para seguir adiante, com nossa
qualidades e com nossos erros, com nossas dúvidas, mas também com nossa
expertisse "mestiça"

Um abraço a todos os amigos da lista
-- 
Prof Dr. Wellington Barros da Silva
Farmacêutico, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Doutor em Educação
Científica e Tecnológica
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Departamento de Fisiologia
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS)
Cidade Universitária Prof. "José Aloísio de Campos"
Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa Elza - CEP 49.100-000 - São Cristovão -
SE
Telefone: (0xx79) 2105-6844
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